Cancro da pele – Uma doença grave que pode ser evitada

Em Portugal estima-se que haja cerca de 12.000 casos de cancro de pele por ano.

Genericamente existem dois grandes grupos, os cancros de pele melanoma e os não-melanoma (carcinoma basocelular e carcinoma espinocelular).

O melanoma, embora seja o tipo menos frequente dos cancros de pele é o mais mortal. Em Portugal surgem cerca de mil novos casos de melanoma por ano (cerca de 10% dos casos), com uma assustadora taxa de mortalidade de 75%.

Aproximadamente 90% das mortes por cancro de pele podem ser evitadas.

Cada um de nós tem um papel fundamental na prevenção do aparecimento desta doença.

Sabe como pode prevenir o aparecimento de cancro de pele?

A melhor forma de prevenir o cancro de pele é proteger-se da radiação ultravioleta que nos chega através do sol ou de outras fontes artificiais, pois esta é o fator de risco mais importante para o aparecimento de cancro de pele.

Sendo o maior órgão do corpo humano, a pele é naturalmente a primeira barreira às agressões exteriores, nomeadamente, as produzidas através deste tipo de radiação. Esta tem a capacidade de provocar queimaduras solares, fotoenvelhecimento e indução de mutações nas células da pele, que levam à sua multiplicação descontrolada e consequentemente ao desenvolvimento de cancro.

Desta forma, embora se saiba que a exposição solar é essencial para a produção de Vitamina D, é muito importante utilizar sempre proteção solar e evitar uma exposição excessiva, principalmente nas horas em que exista uma maior intensidade da radiação ultravioleta (entre as 11h e as 16h).

Nesse período, a permanência ao ar livre deve decorrer em espaços com sombra e sempre com uso de chapéu, óculos de sol e roupa adequada. Nos restantes períodos, a exposição solar não deve mesmo assim estender-se por tempo excessivo.

Os protetores solares protegem da queimadura solar e presume-se que possam contribuir para a prevenção do cancro de pele, recomendando-se a utilização de produtos com índice de proteção de nível 50+. O protetor solar deve ser colocado de forma homogénea e na quantidade adequada, pelo menos, 30 minutos antes da exposição solar, e ser reaplicado de 2 em 2 horas e sempre que haja um banho de mar/piscina ou se molhar ou transpirar mais. Não se esqueça de o aplicar em zonas que por vezes ficam esquecidas, como as orelhas, os lábios, a nuca e os pés.

O uso de protetores, porém, não substitui as restantes normas de proteção nem liberaliza a exposição solar, da mesma forma que um hipertenso não faria uma alimentação à base de enchidos e salgados, apenas porque já tomava medicação anti-hipertensora.

De realçar que, é importante proteger-se do sol, não só quando vai à praia ou piscina no verão, mas também nas atividades de vida diária ao longo de todo o ano: um passeio de carro, uma caminhada, a prática de exercício físico ao ar livre, ou simplesmente um café com um amigo na esplanada mais próxima, podem levar a uma exposição excessiva a radiação solar.

Por outro lado, é totalmente desaconselhável a utilização de produtos “autobronzeadores”, bem como a utilização de “solário”, que mesmo numa utilização esporádica, leva a um aumento do risco de aparecimento de todos os cancros de pele, em idades mais jovens, tal como tem sido demonstrado em diversos estudos recentes.

Auto-prevenção e sinais de alerta

A possibilidade de cura de um cancro de pele está muito dependente da precocidade com que é diagnosticado e tratado.

Desta forma, é importante fazer um auto-exame regular da pele do seu corpo, incluindo a planta dos pés e a região entre os dedos. Para isso deve utilizar uma luz adequada, um espelho de parede e um espelho de mão.

São vários os sinais que o devem deixar alerta: um nevo (vulgo “sinal”) na pele, que mudou recentemente de cor, aumentou de tamanho, que se apresenta assimétrico, com bordos irregulares, com várias tonalidades, que começou a dar desconforto, que apareceu depois dos 50 anos e tem uma cor mais escura do que os restantes, o aparecimento de um nódulo novo de crescimento progressivo ou uma ferida que não cicatriza.

Identificada uma destas lesões suspeitas, o recurso ao seu médico de família ou a uma consulta de dermatologia permitirá uma observação, diagnóstico e encaminha- mento corretos.

As pessoas com pele clara, olhos verdes ou azuis, cabelos loiros ou ruivos, com sardas e com antecedentes familiares de cancro de pele constituem um grupo de risco, pelo que devem ter uma especial atenção às medidas preventivas e ao auto-exame da pele.

As mortes por cancro de pele são maioritariamente evitáveis. Preveni-las depende de cada um de nós!

Por:Dr. Fábio Abreu

Médico Interno de Medicina Geral e Familiar

ACES Baixo Vouga – USF Atlântico Norte



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