Liberdade para viver!

A liberdade é a condição do indivíduo que possui o direito de fazer escolhas autonomamente, de acordo com a sua própria vontade, mas considerando que vive numa sociedade, com tradições e regras que o condicionam ao longo da vida, deve também ter presente que o conhecimento é a ferramenta capaz de ampliar as suas possibilidades de escolha e proporcionar a capacidade de tomar decisões esclarecidas, tornando o individuo mais livre.

O consumo do tabaco é exemplo de um hábito socialmente enraizado no ser humano e que poderá limitar verdadeiramente a liberdade de cada individuo optar ou não pelo seu consumo.

Se por um lado existem campanhas nacionais e internacionais para desincentivar o consumo do tabaco, por outro veem-se campanhas publicitárias que continuam a estimular a sua utilização, assim como de produtos relacionados, entre os quais, tabaco aquecido e cigarros eletrónicos.
Com o propósito de aumentar a consciencialização sobre os efeitos prejudiciais do uso do tabaco e da exposição ao fumo passivo, desencorajando a utilização nas suas várias formas, foi criado, em 1987, o Dia Mundial Sem Tabaco que se celebra anualmente a 31 de maio.

Sabe-se que o fumo do tabaco contém mais de 4000 produtos químicos, dos quais cerca de 250 são prejudiciais à saúde e mais de 50 causam cancro.
Assim, destacam-se os efeitos nocivos que o tabaco exerce sobre a saúde, sendo de especial relevância a sua influência negativa no que diz respeito ao surgimento do cancro do pulmão, esófago, laringe e boca, da doença pulmonar obstrutiva crónica, do enfisema pulmonar, de doenças cardio vasculares como a hipertensão arterial, a doença coronária e o acidente vascular cerebral (AVC). Também, entre as crianças, o risco de morte súbita e os problemas respiratórios aumentam significativamente quando frequentam ambientes impregnados de fumo do tabaco; e em mulheres grávidas comprovou-se inequivocamente que provoca complicações da gravidez e baixo peso do recém-nascido.
Segundo as estatísticas o tabaco mata, em todo o mundo, mais de 8 milhões de pessoas por ano, das quais mais de 7 milhões são fumadores e cerca de 1 milhão são não fumadores, expostos ao fumo. Sem dúvida, que o consumo do tabaco é uma das maiores ameaças à saúde pública que o mundo já enfrentou e que continua a enfrentar.

Não existem argumentos a favor do tabagismo, nem um nível seguro de exposição ao fumo do tabaco!

Comemorar, o Dia Mundial Sem Tabaco é uma oportunidade de reflexão sobre o porquê de ainda existirem tantos fumadores, sendo muitos deles jovens adolescentes, quando os malefícios e a mortalidade relacionados com o tabagismo são amplamente divulgados, com particular incidência nesta faixa etária. Embora evitar o consumo nos jovens constitua um imperativo, promover a cessação tabágica é a abordagem que permitirá reduzir a mortalidade por doenças associadas ao tabaco nos próximos vinte a trinta anos. Parar de fumar tem sempre benefícios, imediatos e a longo prazo, sendo tanto maiores quanto mais precocemente se decidir abandonar este vício. A Liga Portuguesa Contra o Cancro, elenca diversos benefícios para a saúde, a partir do momento em que se deixa de fumar:

• Vinte minutos após o último cigarro, a frequência cardíaca e tensão arterial descem;
• Doze horas após o último cigarro, os níveis de monóxido de carbono no sangue voltam ao normal;
• Entre duas e doze semanas após, a circulação sanguínea melhora e a função pulmonar aumenta;
• Entre um a nove meses após o último cigarro, a tosse e a falta de ar diminuem;
• Um ano após, o risco de enfarte do miocárdio (ataque cardíaco) é cerca de metade de um fumador;
• Entre dois a cinco anos após ter deixado de fumar, o risco de acidente vascular cerebral é aproximadamente o mesmo de uma pessoa que nunca fumou;
• No espaço de cinco anos, o risco de cancro da boca, garganta e esófago é reduzido para metade e o risco de cancro da laringe e do colo do útero também diminui;
• Dez anos após, o risco de cancro do pulmão é metade daquele que apresenta um fumador.

Mas a dependência física e psicológica, a par do incentivo e aceitação social, constituem, por vezes, fortes obstáculos à vontade de deixar de fumar. Grande parte dos fumadores faz várias tentativas para parar de fumar, ao longo da vida, até conseguir parar de vez e a maioria recai nas primeiras semanas ou dias após a tentativa. Nestes casos, torna-se importante haver um acompanhamento comportamental e farmacológico para se obter sucesso na cessação tabágica.

Os sintomas de abstinência refletem a falta da nicotina no organismo, fazendo parte da sua adaptação e embora possam ser desagradáveis, não são perigosos para a saúde. É, por isso, comum observar, nos fumadores em fase de cessação tabágica, sentimento de tristeza; insónia; irritabilidade; dificuldade de concentração, inquietação e nervosismo; diminuição da frequência cardíaca; sensação de fome; e desejo de fumar. Existem alguns conselhos que podem ajudar a ultrapassar esta fase:

• Promover um ambiente limpo, fresco e sem tabaco por perto, no trabalho e em casa;
• Evitar álcool, café ou outras bebidas que normalmente se associam ao ato de fumar;
• Mastigar pastilhas sem açúcar ou rebuçados de menta perante o desejo de fumar;
• Evitar locais de diversão fechados e com pessoas fumadoras;
• Estabelecer objetivos temporais e recompensas pelo sucesso – 1 dia ou 1 semana sem usar tabaco;
• Aumentar progressivamente a atividade física;
• Eliminar o pensamento de “só fumar um cigarrinho”.

Ainda assim, se a adaptação à ausência do tabaco for difícil de suportar, deve recorrer a apoio médico.
É importante fomentar e incentivar a desabituação tabágica junto dos fumadores e implementar medidas que desencorajem os jovens a experimentar o tabaco.

Cabe à sociedade, como um todo, criar condições para que as próximas gerações possam crescer em ambientes mais saudáveis, sustentáveis, e, por isso, livres da dependência do tabaco ou de outros produtos com nicotina.
A melhor decisão que uma pessoa fumadora pode tomar, para melhorar a sua saúde e a dos que a rodeiam, é: Deixar de fumar! E a sua Equipa de Saúde Familiar poderá ser uma preciosa ajuda para a concretizar.

 

UCC VISEENSE

Maria Teresa Martins

Enfermeira Especialista em Enfermagem de Reabilitação



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