Bárbara Gomes

O meu nome é Bárbara Gomes, sou natural de Viseu e a minha infância foi passada em Barbeita, uma pequena aldeia a cerca de quatro quilómetros do centro da cidade.
 
Esta infância foi repartida entre a escola, o tempo com os amigos e família e entre a associação onde cresci, o CARDES, fundada no ano do meu nascimento e muito dinamizada pela minha família.
 
Percorri o caminho da arte, com o grupo coral, e de dois desportos distintos, o atletismo e o voleibol, este último que me roubou o coração.
 
A minha família sempre teve o princípio de ser o maior suporte dos sonhos uns dos outros e, então, era normal estarmos sempre presentes em momentos importantes da vida de cada elemento.
 
Eu e a minha mãe tínhamos o plano marcado para todos os fins de semana – acompanhar a equipa de voleibol em que o meu pai era treinador e onde, durante algumas épocas, a minha irmã também foi praticante.
 
Lembro-me de gostar de observar a forma como as atletas faziam as coisas e de tentar reproduzir. No fim de cada jogo, eu e a minha mãe descíamos ao campo e brincávamos com a bola. Foi num dos momentos que o meu pai descobriu que eu sabia jogar voleibol sem ter tido uma formação convencional.
 
Não sei precisar qual foi o momento em que eu percebi que queria jogar voleibol, porque sempre foi algo inerente em mim. Cresci com o sonho e o sonho tornou-se parte de mim.
 
Infelizmente, Viseu não é conhecido por ser uma cidade onde há vários praticantes de voleibol, então tive de esperar até aos 11 anos para poder pertencer a uma das equipas do CARDES.
 
Enquanto isso, experimentei o atletismo durante uma época. Aos 11 anos, então, foi a primeira vez que pertenci a uma equipa do meu desporto, que era dois escalões acima do meu. Durante as épocas que joguei em Viseu, até 2011, treinava duas vezes por semana no pavilhão e, nos restantes dias, aperfeiçoava a minha técnica e os meus recursos na parede de casa, sozinha.
 
Aos 13 anos, o meu pai levou-me aos centros de treino da Associação de Voleibol do Porto, que tinha treinos aos domingos à noite. Durante dois anos, fiz parte do projeto e, no último ano, houve um treino de captação para a Seleção Nacional de Cadetes e eu fui selecionada.
 
Depois de diversas conversas com os meus pais, tomámos a decisão de que eu devia lutar pelo meu sonho e, com 15 anos, rumava aos Carvalhos, onde ia viver os três anos seguintes e tinha o primeiro contacto com treinos às seis da manhã, seguidos de aulas e treino às seis da tarde.
 
Houve muita coisa que aprendi durante esses anos, mas, sem dúvida, a maior aprendizagem foi saber lidar com a pressão e perceber que, para se evoluir, é necessário sair da própria cabeça. Claro que não foi algo imediato e, durante muitos anos, adotei a postura errada para sair de situações mais delicadas, como pensar que “pior que isto não pode ficar”, mas era a forma de uma adolescente tirar a pressão de cima dos ombros.
 
Com o passar do tempo, abracei a pressão e é algo que vive comigo diariamente, que me faz ser melhor do que no dia anterior, que me deu responsabilidade, uma responsabilidade que eu adoro.
 
É em 2013 que integro, pela primeira vez, um plantel sénior na I Divisão, pelo Colégio Nossa Senhora do Rosário. Passei Por diversos clubes, como o Porto Vólei 2014, Atlético Voleibol Clube, AJM/Futebol Clube do Porto e Sporting Clube de Portugal, onde colecionei 3 títulos de Campeão Nacional, 4 Taças de Portugal, 3 Supertaças e 2 Taças Federação. É em 2019 que consigo alcançar mais um dos meus sonhos, com a participação histórica da Seleção Nacional Sénior no Campeonato da Europa, em Lodz.
 
Apesar de todo este percurso ter acabado por ser melhor do que a Babi de 11 anos ambicionou, não tem sido um percurso fácil e que, em alguns momentos, foi muito intenso psicologicamente. No final da época de 2020/21, decidi fazer uma pausa por meia época, pela simples razão de que, algures no meio de um processo que me completa e me faz feliz, me esqueci do porquê de ter começado e do quanto eu adoro ter a responsabilidade de ter de ganhar e de ter de ajudar a equipa.
 
Não foi uma decisão fácil, mas foi a melhor que podia ter tomado, por me ter dado a consciência de que o descanso faz parte do treino e que saber desligar é crucial para se ser excelente. Em Janeiro de 2022 voltei, com a cabeça e o coração no sítio certo, mais consciente, mais responsável e segura de que estou pronta para percorrer um longo caminho no voleibol.
 
Atualmente, encontro-me a representar a Seleção Nacional, onde já disputei a European Silver League, fazendo mais uma participação histórica que terminou com uma ida à final da competição, contra a Suécia de Isabelle Haak.
 
Não saímos vitoriosas, mas muito orgulhosas do nosso percurso enquanto equipa e por termos dignificado Portugal. O capítulo não está terminado. A 20 de Agosto temos o primeiro embate contra a Hungria, em Santo Tirso, por um lugar no Eurovolley 2023.
 
 
Bárbara Gomes
 


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